Paróquia de Santo Antônio

Celebrações › 22/02/2019

7º. Domingo do Tempo Comum – Ano C

Paróquia Santo Antônio da Lapa

Diocese de São José dos Pinhais

7º. Domingo Comum C, 23 e 24 de fevereiro de 2019

Pe. Celmo Suchek de Lima

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Há uma única esperança, um único motivo de confiança,

uma única promessa segura: a tua misericórdia!

Santo Agostinho, in Confissões 10,32

E Jesus continua na planície falando aos discípulos. Se a palavra de Jesus proclamada no domingo anterior eram palavras de denúncia da realidade (Lc 6,17.20-26), hoje a continuidade do discurso traz palavras de cura interior: atitudes que nos unem a Deus.

Muitas vezes dizemos que o mundo não está bem: indiferenças, desrespeito, maledicências, desunião. Estas atitudes são um sinalizador de que a pessoa humana não está bem. Eu acredito que esta realidade será superada quando cada pessoa estiver bem consigo mesma, com as outras pessoas e com a casa comum.

Diz o ditado: melhor prevenir do que remediar. E a Palavra de Deus nos ensina a prevenir os males da enfermidade causada por tudo o que nos separou de Deus e das pessoas.

O ponto de partida é a consciência de que somos pessoas humanas. E enquanto pessoas humanas somos movidos por emoções. As emoções provocam sentimentos. E dos sentimentos surgem as atitudes: algumas vezes atitudes em função dos valores, outras vezes atitudes em função de nossas necessidades. A decisão nasce de liberdade ou é consequência de alguma escravidão.

Na fé do povo de Israel, na fé dos cristãos, acreditamos na liberdade que Deus concede para cada pessoa humana. Nesta vivência da liberdade nos tornamos responsáveis não pelo que sentimos, e sim pela escolha das atitudes diante daquilo que sentimos. Aí está nossa responsabilidade junto das pessoas, da família, da comunidade, da sociedade e da casa comum.

Na continuidade do discurso da planície (Lc 6, 27-38) Jesus apresenta quatro tomadas de decisão que demostram a maturidade da pessoa humana diante dos sentimentos: uma atitude, uma obra, uma palavra, uma prece.

A atitude de amar todas as pessoas.

A obra de tratar bem as pessoas.

A palavra boa sobre e para as pessoas.

A oração que nasce do coração.

A outra pessoa, qualquer que seja o seu comportamento, é tão filho (a) de Deus quanto você e eu o somos. A outra pessoa, independente de seu comportamento é nosso irmão (ã). A outra pessoa é morada de Deus, é templo do Espírito Santo. Lembremos da atitude de Davi diante de Saul (1Sam 26,9).

Talvez possamos até querer dizer: mas tal pessoa foi indiferente, mal educado, caluniador, maldizente… Superemos estas coisas de resposta instintiva, defensiva, e vivamos conforme o Evangelho. Não nos esqueçamos que Jesus sofreu todas essas situações em sua vida até dar a própria vida por nos amar. O salmista (103,10) nos levou a rezar: o Senhor não nos trata como exigem nossas faltas nem nos pune em proporção às nossas culpas. Se Deus nos perdoa quem somos nós para não perdoar? (Do hino da JMJ 2016)

Assim como reproduzimos em nós as feições do homem terreno, precisamos reproduzir as feições do homem celestial (1Cor 15,49).E a feição do homem celestial é a misericórdia. A atitude de misericórdia nos ajuda a superar as decepções, os sofrimentos, os instintos e nossos mecanismos de defesa. A atitude de misericórdia eleva a pessoa humana de gestos de mera troca de cortesias à doação plena. Assim, a misericórdia é concretizada na atitude do amor aos inimigos, na obra do bom trato junto daqueles que nos odeiam, bendizendo aos que falam mal de nós, na oração principalmente pelos que nos injuriam.

Quando nos convertermos à misericórdia divina o mundo será transformado a partir da vida de cada um de nós, da nossa família, da nossa comunidade e enfim, de toda a sociedade. E o mundo estará bem. E Jesus sintetiza este trecho do discurso convocando à potencialidade da pessoa humana: sejam misericordiosos (Lc 6,36).

Se ainda não podemos transformar as outras pessoas, comecemos transformando-nos em pessoas misericordiosas como o Pai. Cultivemos a feição do homem celestial. Aqui estamos de passagem, o céu é a meta definitiva.

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