6º. Domingo do Tempo Comum – Ano C
6º. Domingo Comum C, 2019
Deve-se lamentar mais a atitude do que age mal,
do que a situação daquela que tem que sofrer por causa do malvado,
porque ao injusto sua malícia termina no castigo;
porém, ao justo sua paciência o leva para a glória.
São Leão Magno, do sermão sobre as bem-aventuranças
A Palavra de Deus direciona o nosso caminhar no seguimento de Jesus Cristo. Diz a canção: pela Palavra de Deus saberemos por onde andar. Ela é luz e verdade: precisamos acreditar.
A Palavra de Deus proclamada há pouco denuncia uma realidade e nos motiva à esperança enraizada na fidelidade ao projeto de Deus. A denúncia nos faz “pesar a consciência”: Deus quer um mundo feliz para todos os seus filhos e filhas. A sociedade em que vivemos corresponde ao projeto do Pai? (cf. Pagola, in Grupos de Jesus)
Na lógica daquilo que é considerada pela cultura predominante como força humana parecem irônicas as palavras de Jesus quando diz as bem-aventuranças. Na expectativa da compreensão humana parece absurdo o que Jesus propõe como sinônimo de felicidade. No desejo humano a pregação de Jesus naquela planície parece-nos um discurso utópico.
Da Palavra de Jesus surge a esperança para aqueles que se decidem viver a fidelidade no projeto de Deus: tenhamos paciência diante do sofrimento, a atitude de confiança no Senhor nos dará vida e vida em abundância. Essa é a promessa do Senhor proclamada na Palavra que acabamos de ouvir.
As bem-aventuranças recolhidas por Lucas não são atitudes a serem assumidas. Jesus não quer pessoas tristes e nem sofridas. As bem-aventuranças recolhidas por Lucas são situações sociológicas bem reais ao tempo de Jesus e que nada diferem da nossa realidade. Elas são frutos de uma noite de oração no alto da montanha. As bem-aventuranças recolhidas por Lucas são os gritos de Jesus que viveu a realidade junto do povo:
– uma realidade de empobrecimento, de migração e de falta de moradia.
– uma realidade de fome e desnutrição.
– uma realidade de sentimento de raiva e impotência diante da cultura de mentiras e corrupção, e do excesso de impostos que levava tudo o que o povo produzia.
E Jesus gritava. E a força do grito de Jesus não nascia da potência dos microfones nos palanques e nas igrejas. Sequer ainda do poder provindo do dinheiro. E muito menos da divulgação via redes sociais. A força do grito de Jesus nasceu da coerência dele mesmo viver a Palavra que anunciava: a Palavra de vida e vida em abundância.
Pergunte prá você mesmo:
E a nossa força, nasce de onde ou de que?
Em quem confiamos?
E em quem depositamos a nossa esperança?
Rezemos juntos:
Eu creio em ti, Senhor,
a quem o pequeno é grande;
a quem o último é primeiro;
a quem o injustiçado é preferido;
e a quem o insignificante aos olhos do mundo significa muito para ti.
Livra-me, Senhor, da hipocrisia
e fazei de mim instrumento de tua paz.
Onde houver ódio, que eu leve o amor.
Onde houver ofensa, que eu leve o perdão.
Onde houver discórdia, que eu leve a união.
Onde houver dúvida, que eu leve a fé.
Onde houver erro, que eu leve a verdade.
Onde houver desespero, que eu leve a esperança.
Onde houver tristeza, que eu leve a alegria.
Onde houver trevas, que eu leve a luz.
Ó Mestre, fazei que eu procure mais consolar do que ser consolado.
Compreender do que ser compreendido.
Amar que ser amado.
Pois, é dando que se recebe.
É perdoando que se é perdoado.
E morrendo que se vive para a vida eterna.
Pe. Celmo Suchek de Lima
15 de fevereiro de 2019