Paróquia de Santo Antônio

Mensagem › 25/02/2019

Igreja em saída – reconciliada e reconciliadora –

Acredito que a história contada por Jesus mais conhecida é a parábola do filho pródigo (Lc 15,11-32). Para mim, é a mais bela história de todos os tempos. Muitos preferem chama-la da parábola do “pai misericordioso”, ou então, “o filho perdido e reencontrado”. O mais importante não é o nome pela qual a chamamos, e sim a acolhida do conteúdo nela contido.

Vejo nesta história a imagem da humanidade, e porque não dizer, a história da salvação. Naqueles três personagens principais – o pai e seus dois filhos – percebo a amostra do comportamento humano. É uma história cheia de aventuras, de ideologias, de sentimentos, de misericórdia. Assim é a nossa vida: plena destas situações próprias da pessoa humana.

Torna-se curioso o comportamento da pessoa humana: cheio de disputas, de metas a serem atingidas, de desejos a serem saciados. Tudo isso percebemos na história daqueles dois moços, mas, na verdade, audacioso e fascinante é o comportamento do pai daqueles moços: esperançoso, vigilante, acolhedor, enfim, misericordioso. Conduze-nos à comoção as palavras pronunciadas acerca do filho recuperado: este teu irmão estava morto e tornou a viver, estava perdido e foi encontrado. Nestas palavras encontramos o desejo de Jesus narrado nos textos do Evangelho, e hoje, a missão da Igreja tão repetida pelo Papa Francico: que os batizados e as batizadas cultivem atitudes de esperança, de vigilância e de acolhida. Enfim, que a Igreja saia do conforto que a possa acomodar, que ao encontro das pessoas, e encontre-se com Jesus Cristo principalmente nas pessoas que perderam o sentido e a dignidade da vida: os abandonados, os excluídos, os marginalizados. Um lembrete: a Igreja somos nós que decidimos nos tornar discípulos-missionários de Jesus Cristo.

Para o pai daqueles dois moços, o excluído, o abandonado, o marginalizado não foi apenas o filho que decidiu ir embora, que viveu de modo desenfreado e que retornou envergonhado e enlameado. Ficou em casa o outro filho, que se excluiu, que fez-se abandonado em meio a tanta gente  escondendo-se à margem de suas vaidades. O filho mais velho que ficou na casa do pai tornou-se apenas um vivente cumpridor das normas de sobrevivência que, na sua cabeça, lhe dariam algum benefício pessoal, alguma segurança na vida. Vivia e desfrutava apenas do conforto material oferecido pelo seu pai.

A Igreja em saída tão sonhada pelo Papa Francisco, a Igreja em saída tão proclamada no Evangelho de Jesus é esta que sai de seu conforto e vai ao encontro de quem foi feito ou que se faz excluído e abandonado, caminhando junto destes ao encontro com a vida em dignidade em todas as suas dimensões. A Igreja em saída tão sonhada pelo Papa Francisco, a Igreja em saída tão proclamada por Jesus é esta que supera o seu conformismo ideológico e deixa-se envolver pela alegria do Evangelho de Jesus, tornando-se reconciliada e reconciliadora.

O mês de março é o início do tempo da quaresma: tempo de conversão, de oração e de partilha. E a quaresma é iniciada ao recebermos as cinzas em nossas cabeças, sinal de adesão à mudança nas atitudes de vida. Que este tempo nos ajude a vivermos o Evangelho da misericórdia do Senhor reconciliando-nos conosco, com as outras pessoas e com o próprio Deus, e assim nos tornemos instrumentos de reconciliação na comunidade e na sociedade.

Pe. Celmo Suchek de Lima

Pároco

 

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