Como viver o Ano da Misericórdia?

“A misericórdia é a compaixão que o nosso coração
experimenta pela miséria alheia, que nos leva a
socorrê-la, se o pudermos”.
(Santo Agostinho)

Iniciamos o novo ano, com o propósito de viver intensamente o Ano da Misericórdia, iniciado no dia 08 de dezembro, na Solenidade da Imaculada Conceição de Maria. Na bula Misericordiae Vultus (O rosto da Misericórdia), o Papa Francisco ressalta a grandeza da misericórdia divina e a importância de os fieis aplicarem em sua vida a virtude da misericórdia.

Sabemos que Deus é misericórdia. Ele vem ao nosso encontro e oferece seu perdão e redime nossas culpas. O rosto da Misericórdia é seu Filho Jesus Cristo. Ao exercer sua misericórdia, Deus não dá o que nos é devido, mas dá com abundância, sem medidas. Não nos trata de acordo com nossos méritos, mas oferece muito mais do que merecemos. A misericórdia de Deus não tem limites, é infinitamente superior a qualquer ato humano de caridade e amor.

Todavia, a partir da Misericórdia de Deus, o Papa propõe vivermos a misericórdia na nossa vida. Uma das condições para receber a misericórdia de Deus é reconhecer a própria miséria do pecado. Para ser misericordioso para com o próximo, é preciso se dar conta da própria fraqueza. A sociedade transformou o pecado em orgulho, ou seja, há aqueles que se exaltam no mundo do pecado. Vivem a imoralidade como um valor adquirido ou uma escolha de vida. A exaltação do pecado leva para o orgulho das vontades e das más escolhas. É impossível viver a misericórdia na desobediência aos apelos de Deus e no orgulho das satisfações da carne. Para viver bem o ano da misericórdia é preciso se dar conta da nossa própria miséria como instrumentos nas mãos de Deus.

A virtude da misericórdia, segundo São Tomás de Aquino, é “a dor pela miséria alheia”. A palavra misericórdia vem do latim “misere”, que significa miserável, pobre, e “cordis” significa coração, ou seja, é o coração voltado para a miséria alheia. Isto significa que a misericórdia é efetiva, isto é, não basta apenas compadecer-se das pessoas e ficar de braços cruzados. É preciso agir e socorrer o outro, praticando as obras de misericórdia.

O Ano da Misericórdia convida para a ação, agir, voltar-se para o miserável. Misericórdia supõe olhar para a própria miséria e para o miserável. Santa Faustina dizia: “O amor é a flor; a misericórdia é o fruto”. O Ano da Misericórdia nos convoca a abrir as portas do nosso coração ao próximo. É a semelhança a Jesus Cristo, o rosto da misericórdia, que nos faz agir e a viver o plano do Reino de Deus: “Misericordiosos como o Pai”.