A Iniciação à Vida Cristã

O mês de agosto é conhecido no Brasil pela sua índole vocacional. Na primeira semana celebra-se a vocação ao ministério ordenado: ser diácono, padre e bispo. Na segunda semana a vocação à vida familiar junto da semana nacional da família. Na terceira semana a vocação à vida consagrada e religiosa. E na quarta semana a vocação à vida laical e em particular a vocação do catequista.

            Estas vocações específicas se desenvolvem no amadurecimento da vocação universal à santidade acolhida desde o sacramento do batismo, fonte de toda a vida vocacional que nos insere na comunidade dos filhos e filhas de Deus. O batismo é a porta de ingresso à vida cristã.  Recupera-se com este sentido de ingresso, de iniciação na comunidade cristã. O ensinamento de Tertuliano aos primeiros cristãos nos ensina que ninguém nasce cristão, mas nos tornamos cristãos na caminhada de um itinerário na comunidade de fé.

            O Documento de Aparecida (n. 12), citando o Papa Bento XVI, recorda que “não se começa a ser cristão por uma decisão ética ou uma grande ideia, mas pelo encontro de um acontecimento, com uma Pessoa, que dá novo horizonte à vida e, com isso, uma orientação decisiva”. Por este motivo torna-se urgente renovar a forma como se realiza o anúncio do encontro com a pessoa de Jesus Cristo. Não podemos mais nos contentar com os tradicionais modelos acadêmicos de catequese e de formação na caminhada de fé. E a Igreja no Brasil quer ser arrojada recuperando o modelo de transmissão da fé dos cristãos dos primeiros séculos, um modelo com inspiração catecumenal que atrairá os que dele se aproximarem para a experiência missionária do amor.

            Novamente cito Bento XVI quando presidiu a Santa Missa no Santuário Nacional de Aparecida a 13 de maio de 2007: “A Igreja se sente discípula e missionária desse Amor: missionária somente enquanto discípula, isto é capaz de deixar-se sempre atrair, com renovado enlevo, por Deus que nos amou e nos ama por primeiro (1Jo 4,10). A Igreja não faz proselitismo. Ela cresce muito mais por ‘atração’: como Cristo ‘atrai todos a si’ com a força do seu amor, que culminou no sacrifício da Cruz, assim a Igreja cumpre a sua missão na medida em que, associada a Cristo, cumpre a sua obra conformando-se em espírito e concretamente com a caridade do seu Senhor”.

            A Diocese de São José dos Pinhais e a Paróquia de Santo Antônio da Lapa quer fazer esta experiência: anunciar o Evangelho de Jesus Cristo através da caminhada no itinerário da Iniciação à Vida Cristã que fomentará os discípulos-missionários a imitarem as atitudes comunicadoras do próprio Mestre e Senhor.

            Somente poderemos ter bons ministros ordenados, santos pais e santas mães de família, consagrados e religiosos destemidos e o Povo de Deus corresponsável por sua comunidade quando adentrarmos na vocação comum a todos: a vida de santidade assumida no batismo, confirmada cotidianamente na familiaridade com a Palavra de Deus e no gesto da assinalação e unção do óleo perfumado recebido no sacramento da Crisma, sustentada a cada primeiro dia da semana professando a fé apostólica e alimentada pela Eucaristia, revigorada na graça misericordiosa do Senhor, na partilha do que somos e do que temos e na unção que rejuvenesce a saúde plena da pessoa em todas as suas dimensões.

            Vivamos intensamente este mês vocacional respondendo ao Senhor que atrai a cada um de nós e confia que sejamos os transmissores da fé da Igreja na sua Ressurreição.

Padre Celmo Suchek de Lima